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Clutches Empoderadoras
Bolsinhas coloridas, carteiras de ráfia brasileiras, não são apenas super-chiques, mas também empoderam mulheres. Falamos com Marcella Ferri, uma empreendedora italiana baseada na Bahia, que torna isso possível.
- By Gisela Gueiros
Quando a NaturaBrasil estava à procura de bolsas para fazer conjuntos de presentes com os seus cremes de mãos e sabonetes, queriam algo distintamente brasileiro, que também beneficiasse as populações locais. Felizmente, descobriram bolsas que são, ao mesmo tempo, acessórios versáteis e modernos, e também um exemplo perfeito das tradições culturais do Brasil, neste caso, feitas à mão ao longo da costa nordeste do Brasil por um grupo de mulheres locais baseadas em Porto de Sauípe. Seja como uma bolsa para uma noite de encontro ou um estojo para óculos de sol e loção na praia, você pode se orgulhar de que os lucros ajudarão a apoiar e empoderar as mulheres que as fizeram.
Marcella Ferri viu pela primeira vez o potencial desses artesãos incrivelmente talentosos quando se mudou para a Bahia, vinda da Itália. Ela ajudou as mulheres a iniciar uma associação (APSA), e 20 anos depois, elas continuam firmes. A NaturaBrasil recentemente entrevistou Marcella para saber mais sobre a história.
Qual é o processo para fazer estas bolsas?
São feitos de piaçava [attalea funifera] – uma planta local nativa e única desta região. Primeiro, as mulheres coletam as folhas, mas sem quebrar a planta. É vital que a planta continue a produzir – um recurso verdadeiramente sustentável. Em seguida, cozinham as folhas em grandes panelas. As folhas são secas à sombra e depois enroladas. Os rolos são cortados em tiras finas, que são tingidas, e depois trançadas e finalmente costuradas em forma. As combinações de cores são feitas espontaneamente como parte do processo criativo de cada artesão, assim como o padrão de costura. Além de bolsas, também fazem chapéus, jogos americanos, tapetes e cestos.

Como você começou a associação?
Eu vivi em Salvador e tive uma relação muito próxima com as mulheres de Porto de Sauípe, um lugar especial que eu adorava visitar. O turismo estava explodindo na Bahia e novas estradas estavam sendo constantemente construídas. Eu queria ajudar a preservar a produção artesanal de bens locais e sua beleza espontânea. Eu escrevi uma carta “miraculosa” para a primeira-dama (naquela época, Ruth Cardoso) e ela foi respeitosa o suficiente para lê-la. O verdadeiro milagre, no entanto, foi que ela respondeu! Ela autorizou o financiamento para nos fornecer os recursos necessários para começar a coordenar a produção e dar às mulheres da comunidade dicas sobre como tingir as folhas e melhorar alguns acabamentos e técnicas, sem perder o que elas sabiam naturalmente — algo que havia sido passado de geração em geração.

Quantas mulheres fazem parte da associação e qual é a idade delas?
A sua idade varia entre 25 e 60 anos. Quase trinta deles trabalham no escritório e o dobro pertence à associação, mas trabalham a partir de casa, onde às vezes recebem a ajuda das suas filhas e até dos maridos.
Eles vivem disso. Não apenas eles, mas as suas famílias. Foi uma intervenção muito importante para esta comunidade. E é uma alternativa nativa – não foi imposta a eles. É um matriarcado.
Qual é o impacto deste trabalho na vida destas mulheres?
Tem uma relevância fundamental. Eles vivem disso. Não só eles, mas as suas famílias. Foi uma intervenção muito importante para esta comunidade. E é uma alternativa nativa – não foi imposta a eles. É um matriarcado. Há pesca, mas é sazonal, e geralmente as mulheres ganham mais dinheiro do que os seus parceiros. Claro, elas já faziam este trabalho antes da associação, mas agora têm a estrutura para manter a qualidade dos produtos, ter sucesso como negócio, enquanto preservam a ideia artesanal original.
