Há duas semanas, para celebrar o início da NY Fashion Week, a Natura teve o prazer de organizar uma conversa sobre sustentabilidade na indústria da moda. Para este painel, convidámos a proprietária da Thrif-Tee, Marina Theiss, e Daniel Silverstein, do Zero Waste Daniel. A Marina é uma curadora de moda vintage que viaja pelo mundo em busca de artigos com propósito, e o Daniel é um designer sustentável – as suas criações são compostas por 100% de material reciclado. Para a Natura, foi uma combinação natural, pois a sustentabilidade é um dos valores centrais da marca.

A indústria da moda hoje tem um grande impacto no ambiente — não só devido às pressões de marketing para atualizarmos os nossos guarda-roupas a cada estação, mas também pela enorme quantidade de recursos necessários no processo de fabrico, incluindo água, matérias-primas e energia.

A conversa foi inspiradora, animada e cheia de insights. O Daniel disse ao público que “temos de começar a preocupar-nos não só com a aparência das roupas, mas também com a forma como são feitas”. A Marina concordou e sugeriu que a indústria da moda, cheia de pessoas criativas, “deveria começar a pensar fora da caixa e seguir os passos de Stella McCartney e Vivienne Westwood”, designers que têm estado na vanguarda da procura consciente para as suas criações.

Tanto a Thrif-Tee como o Zero Waste Daniel começaram de forma orgânica. Quando era criança, o Daniel lembra-se de usar todos os materiais disponíveis – desde papel de alumínio a fita adesiva – para fazer as suas primeiras criações. Ele já sabia que queria ser designer. Recorda-se de uma vez ter enchido um saco inteiro com retalhos de tecido por 1 dólar, que instantaneamente se tornou o seu “brinquedo de moda”. Mais tarde, durante a faculdade e como estagiário em marcas maiores como a Victoria’s Secret, começou a notar que o lixo de outros designers podia tornar-se o seu tesouro, e assim nasceu a ideia do Zero Waste Daniel. “Precisamos de ver potencial no que outras pessoas veem como lixo, antes que vá para o aterro”, incentivou o público.

A Marina começou a sua carreira na moda como modelo, e recorda não pensar de onde vinham os artigos de moda que desejava, como eram feitos e quais os materiais usados. Mas instintivamente tinha uma inclinação para a sustentabilidade, começando um clube de troca com as suas amigas em NYC – “em vez de comprar, troca”, disse à audiência.

A conversa terminou com ambos os designers a oferecerem as suas perspetivas sobre os próximos passos para a moda e a sustentabilidade. Segundo a Marina, “É uma questão de mudarmos os nossos hábitos até que a moda sustentável se torne o normal”, acrescentando um aviso mais sombrio de que “se não mudarmos, as próximas gerações não terão uma praia limpa e bonita para onde ir”.

O Daniel deu uma dica para quem quer viver de forma sustentável: “dê um pequeno passo de cada vez. Comece por não usar um copo descartável para beber o seu café todas as manhãs. Depois de incorporar este hábito, adicione outro. Encontre alternativas e, com o tempo, poderá viver um estilo de vida totalmente reutilizável”. Devemos todos levar isto a sério.