Brigadeiro [pronunciado bree-gah-day-row] é a iguaria indispensável em todas as festas brasileiras, o doce mais tradicional e querido do país. Este trufado em tamanho de mordida, algo entre fudge e caramelo, é feito com leite condensado doce e manteiga e apresenta vários sabores – desde o tradicional cacau, até pistácio e coco, bem como sabores sazonais como maracujá. Cada bolinha enrolada à mão é depois mergulhada em coberturas especiais como granulados, coco ralado ou migalhas de noz. Os brigadeiros estão a conquistar os corações – e as bocas – de pessoas de outras nacionalidades também, à medida que se tornam mais populares e fáceis de encontrar nos EUA.

Uma das especialistas em brigadeiro em Nova Iorque é Paula Barbosa, uma carioca que chegou a Nova Iorque em 2010 e se inscreveu numa aula de negócios. O seu projeto de tese foi My Sweet, um pequeno negócio dedicado à produção de brigadeiros. Paula sempre fez brigadeiros para agradar os seus amigos, que começaram a pedi-los com cada vez mais frequência. E então a tese tornou-se realidade. Ela conseguiu o seu primeiro mercado gourmet de retalho e muito rapidamente, uma crítica no New York Times. A procura continuou a crescer e o seu negócio também.

Para compreender o fenómeno do brigadeiro, falámos com Paula, proprietária da My Sweet, uma loja de brigadeiros sediada no Brooklyn.

Como é que os locais apreciam os brigadeiros? Teve de alterar a receita?

Na minha opinião, o que define um brigadeiro é a consistência. É única e sempre uma agradável surpresa. Na My Sweet, desde o início, decidimos usar ingredientes da mais alta qualidade, por isso posso dizer que foi ligeiramente adaptado não só ao paladar americano, mas a um padrão elevado de qualidade. Usamos cacau 100%, frutos secos biológicos e um produtor local de leite condensado doce.

Quais foram os desafios ao abrir a sua própria loja e negócio em Nova Iorque?

Realmente não se conhece os verdadeiros desafios até os enfrentar. Aprender todos os detalhes sobre licenças e certificações para um negócio alimentar não foi fácil. A origem dos ingredientes também é muito difícil.

Como é que cria novidades? De onde vem a sua inspiração?

Viver em NY é em si muito inspirador. Milhares de coisas a acontecer por toda a parte e tão rápido. Adoro a mistura de culturas e a rica troca que tenho com clientes, vizinhos, amigos. Estou sempre atenta à moda, música e tecnologia.

Conte-nos sobre a parceria que fez com a Häagen-Dazs?

A Häagen-Dazs contactou-nos para desenvolver um novo sabor de gelado inspirado no nosso original brigadeiro. A colaboração começou com a ideia de recriar um dos nossos sabores favoritos, o “Happy Couple” (casadinho em português) que combina chocolate negro com o sabor puro do leite condensado doce. Trabalhámos juntos durante mais de um ano para recriar e alcançar o sabor e a consistência certos. O resultado final é o Tres Leches Brigadeiro, parte da edição limitada Artisan Collection, disponível nos EUA e Canadá. Foi uma experiência incrível ter a oportunidade de trabalhar num ambiente onde podíamos experimentar e criar sem limite de recursos.

Alguma recomendação que daria a outros jovens empreendedores que querem começar algo por conta própria?

Eu nunca diria outra coisa senão: vá em frente! É uma aventura louca, uma montanha-russa de emoções e há muito para aprender. A paciência é muito importante e cada passo do processo vale a pena. Tem de manter-se positivo, trabalhar arduamente e fazer acontecer.

Onde vive? Quais são os locais mais populares no seu bairro? E onde gosta de levar os seus amigos quando visitam do Brasil?

Vivo em Williamsburg, Brooklyn, desde 2011 e adoro, mas o bairro tem mudado intensamente e tornou-se muito trendy muito rapidamente. Normalmente levo os amigos para um copo no Hotel Delmano ou no St. Mazie. Os melhores tacos são do La Superior e o meu sítio favorito para pizza é o Paulie Gee’s em Greenpoint. Também adoro andar de bicicleta e parar no Brouwerij Lane para uma cerveja.

Tem uma frase favorita ou um mantra pessoal pelo qual vive?

Penso que a minha frase e mantra podem ser resumidos numa palavra: otimismo. Tento viver a minha vida e manter a cabeça erguida pensando que tudo vai correr bem :)

Obrigada, Paula, concordamos!